O CATECISMO DE HEIDELBERG

O CATECISMO DE HEIDELBERG

Em 1561, quando Frederico III, o Piedoso (o mais poderoso estadista da Alemanha depois do Imperador), lançou-se à reforma eclesiástica em Heidelberg e no Palatinado, ele procurou um corpo docente reformado para a principal faculdade de teologia em Heidelberg. Ao ser atacado por sua posição reformada, no tempo da Contra-Reforma, Frederico pediu ajuda ao corpo docente da faculdade de teologia do Collegium Sapietiae, e os seus dois principais professores, Caspar Olevianus (1536-1587) e Zacarias Ursinos (1534-1587), que estudaram em Genebra com João Calvino (1509-1564), foram os autores do Catecismo de Heidelberg. O texto em alemão, com prefácio de Frederico III, foi adotado por um sínodo em Heidelberg, em 19 de fevereiro de 1563. Seu conteúdo, diferente da ordem tradicional (como usado no Catecismo Menor, de Martinho Lutero, por exemplo), é composto por uma exposição do Credo dos Apóstolos, dos Sacramentos, dos Dez Mandamentos e do Pai Nosso. As 88 perguntas com as respectivas respostas são divididas em três partes segundo o padrão da Epístola de Paulo aos Romanos. As perguntas 1-11 tratam do pecado e da desgraça humana; as perguntas 12-58 abordam a redenção em Cristo e a fé; e as últimas perguntas ressaltam a gratidão do homem, expressa nas ações e na obediência, em amor, a Deus. O Catecismo de Heidelberg servia para a instrução dos jovens, dos pastores e professores, para uso nos cultos dominicais como confirmação da fé, como guia para pregação doutrinária e como declaração de uma posição confessional. Ainda hoje, o Catecismo de Heidelberg tem sido usado por cristãos de tradição reformada, principalmente na Alemanha, na Holanda, na Hungria e na Suíça. Heinrich Bullinger (1504-1575), o sucessor de Zwinglio em Zurique, afirmou que "jamais foi composto um catecismo melhor", e Karl Barth (1886-1968), que em 1947 deu uma série de palestras na Universidade de Bonn sobre a "Doutrina cristã segundo o Catecismo de Heidelberg", tinha razão ao dizer que "o Catecismo de Heidelberg é um documento que oferece o conhecimento evangélico comum... caracteriza o sentido positivo da Reforma".

 

Primeira pergunta e resposta da edição primeira

 

 

 

1. P. Qual é tua única consolação, tanto na vida como na morte?

R. É que, de corpo e alma, tanto nesta vida como na morte1, eu não me pertenço a mim mesmo2 mas a Jesus Cristo, meu fiel Salvador3, o qual pelo seu sangue precioso4, resgatou-me inteiramente de meus pecados5 e me livrou de todo o poder do Diabo6. Ele cuida de mim tão bem7 que nem mesmo um cabelo de minha cabeça pode cair sem a vontade de meu Pai celeste8 e todas as coisas devem contribuir para a minha salvação9. É por isso que Ele me dá, pelo seu Espírito Santo, a certeza da vida eterna10 e me ensina a viver de ora em diante para Ele, amando-O de todo o meu coração11.

1 Rom 14.8. 2 I Cor 6.19. 3 I Cor 3.23. 4 I Pedro 1.18. 5 I João 1.7, 2.1. 6 I João 3.8. 7 João 6.38. 8 Mateus 10.29-31, Lucas 21.18. 9 Rom 8.28. 10 II Cor. 1.21, Efésios 1.13, Rom. 8.15. 11 Rom 8.14.

 

INTRODUÇÃO

1. P. A quem pertence a nossa vida?

R. A Jesus Cristo

Expl. Ele veio para tomar sobre si a responsabilidade e conseqüências dos nossos erros e pecados, e para nos libertar do poder do mal.

Texto: Rm 8.14,15

2. P. O que precisamos conhecer para termos paz?

R. A nossa miséria diante de Deus, a nossa salvação em Cristo e a nossa vida no Espírito Santo

Expl. Com humildade devemos reconhecer que por nós mesmos estamos longe de corresponder ao propósito criador de Deus; com firmeza devemos confiar no amor de Deus que nos faz filhos seus em Jesus Cristo; renovados pelo poder do Espírito Santo devemos nos esforçar por levar uma vida de gratidão e de testemunho do amor de Deus.

Texto: Ef 5.8

I. A NOSSA MISÉRIA DIANTE DE DEUS

(Da miséria do homem)

3. P. Quem nos esclarece a respeito da nossa miséria?

R. Deus, na sua Palavra.

Expl. Pela Palavra de Deus aprendemos a conhecer, por um lado a vontade de Deus e o seu propósito para conosco, e, por outro lado, a nos conhecer a nós mesmos; do confronto da nossa condição com a vontade de Deus expressa na sua lei, fica clara a nossa situação de miséria diante de Deus.

Texto: Rm 3.20

4. P. Qual é o sentido da lei de Deus?

R. Amor a Ele e ao próximo.

Texto: Mt 22.37-40; Lc 10.27

5. P. Somos capazes de cumprir perfeitamente esta lei?

R. De modo algum, porque somos inclinados ao mal.

Expl. Há sem dúvida grande diferença entre os homens: uns desprezam abertamente a lei de Deus e outros parecem viver em harmonia com a mesma lei; há malfeitores e há pessoas honestas. Perante de Deus, porém, o critério é diferente: há santidade perfeita ou pecado. Um mau pensamento, um sentimento de ódio é prova do pecado que mora no coração humano.

Texto: Sl 14.3; Rm 3.10-20; I Jo 1.7-8

6. P. Como foi a nossa vida em sua origem?

R. Deus criou o homem macho e fêmea, bom e à sua própria imagem.

Expl. A origem da vida é a criação dela por Deus. A vida do homem é diferente de todas as outras formas de vida por ser o homem imagem de Deus, isto é, responsável diante do seu Criador, santo e sábio.

Texto: Gn 1-2

7. P. Como surgiu a corrupção?

R. Pela desobediência do homem à palavra do Criador, o que é pecado.

Texto: Gn 3.1-7

8. P. Temos algo a ver com Adão?

R. Sendo ele é o nosso primeiro pai, toda a raça humana pecou nele e caiu com ele na sua primeira transgressão, de tal forma que todos nós somos concebidos em pecado.

Texto: Sl 51.4-5; At 17.26; Rm 5.12-19; I Co 15.21-22

9. P. Qual é a conseqüência do pecado do homem para a terra?

R. A terra deixa de ser o lugar de paz onde a vida floresce, para se tornar um campo de luta onde reina a morte.

Texto: Gn 3.16-19

10. P. A justiça e a misericórdia de Deus não foram abaladas pelo pecado humano?

R. Não, porque Deus condena o pecado (Dt 27.26), mas salva o pecador (Jo 3.16).

11. P. Qual é o castigo pelo pecado?

R. A morte

Expl. Não se trata, em primeiro lugar, de morte biológica ou corporal, mas da morte espiritual e pessoal, que é o afastamento de Deus (Rm 6.23).

Texto: Jo 11.25-26

II. A NOSSA SALVAÇÃO EM CRISTO

(A salvação do homem)

12. P. Como podemos alcançar a comunhão com Deus?

R. Por intermédio de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, a quem o Pai enviou para nos salvar.

Expl. O pecado tem por conseqüência a nossa separação de Deus, o que resulta em corrupção da pessoa humana. Jesus Cristo nos salva por ser Ele a pessoa mediadora entre Deus e o homem para restabelecer a comunhão desfeita. Como verdadeiro homem, Ele paga a justiça que Deus exige do homem pecador, que nenhum pecador pode satisfazer pelos demais, e com a força de sua natureza divina pode suportar a ira de Deus sobre a natureza humana, e adquirir para nós a justiça e a vida que perdemos.

Texto: Is 53.3-5, 8, 10-11; Jo 3.16; At 2.24, 20.28; Rm 5.12-15; I Tm 2.5

13. P. Não podemos nos salvar por nós mesmos?

R. Não podemos. A separação entre Deus e o homem é grande demais.

Expl. Deus é santo e exige pureza. Nós, homens, somos pecadores até em nossas melhores obras. Por isso, o homem é incapaz de restabelecer por si mesmo a sua comunhão com Deus. Somente Deus pode fazê-lo.

Texto: Is 6.3-5; Mt 19.25-26

14. P. Não poderiam os "santos" nos ajudar na salvação?

R. Não, pois Jesus é o único Salvador.

Expl. "Os santos" nas cartas do NT são os fiéis, isto é, os membros da Igreja, que são santificados por Cristo. Como homens diante de Deus são pecadores também, embora salvos por intermédio de Jesus Cristo.

Texto: At 4.12

15. P. Todos os homens são salvos em Cristo?

R. Todos aqueles que O recebem pela fé.

Texto: Rm 10.9-14; Ef 2.8-9

16. P. Em que consiste a fé?

R. A fé verdadeira consiste do conhecimento das verdades do Evangelho e da confiança nelas.

Expl. O conhecimento correto provém das Escrituras Sagradas, pois são nelas que Deus se revela a nós. É o Espírito Santo que nos incita a crer. A fé não se baseia no raciocínio nem nos fatos visíveis, mas tem o seu fundamento somente na promessa divina, revelada na Palavra de Deus.

Texto: Rm 10.9; Hb 11.6; I Jo 4.10

17. P. Qual é o resumo da fé cristã?

R. O Credo (dos Apóstolos) ou os XII artigos da fé cristã universal.

CREDO Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à mão direita de Deus Pai todo poderoso; donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal [ cristã] ; na Comunhão dos Santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.

(De Deus o Pai)

18. P. Por que se fala de Deus em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo?

R. Porque há três pessoas na Divindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três pessoas são um único Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória, o único Deus, vivo e verdadeiro.

Expl. A trindade de Deus é um mistério. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são nomes adotados com base na experiência humana. Sabemos que o Pai é o nosso Criador, o Filho, o nosso Salvador e o Espírito Santo, o nosso Santificador e Consolador. Estas três pessoas sãos distintas, mas é sempre Deus que se dá a nós; o único, verdadeiro Deus.

Texto: Mt 3.16-17; 28.19; II Co 13.13

19. P. Que entendemos quando confessamos ser Deus Pai, Criador do Céu e da Terra?

R. Deus produziu tudo o que existe, a partir do nada, pela palavra de seu poder, e tudo muito bem.

Expl. Deus produziu não somente o material básico, mas também as coisas e criaturas nas suas formas e qualidades, até o homem à sua imagem.

Texto: Gn 1.1-31; Hb 11.3; Ap 4.11

20. P. Que é providência de Deus?

R. O seu cuidado para com todas as criaturas.

Expl. Deus mantém o mundo criado na sua estrutura e o governa. O Senhor é bom e a sua bondade dura para sempre. O homem tem uma responsabilidade pelas criaturas. Deus lhe domínio sobre toda a terra. Porém, acima de tudo está Deus, o Rei dos reis; nada acontece sem o seu conhecimento. Tudo serve em última instância à sua vontade.

Texto: Sl 104.24; 145.17; Mt 10.29-30; Ef 1.11

21. P. Não somos todos filhos de Deus?

R. Somos, mas não somos iguais a Jesus; Jesus é o eterno Filho, por natureza, enquanto que nós somos filhos de adoção pela graça de Deus.

Texto: Rm 8.14-16

(De Deus o Filho)

22. P. Quem é Jesus Cristo?

R. Jesus Cristo é o eterno Filho de Deus que se tornou homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem em duas naturezas distintas, e uma só pessoa para sempre.

Expl. Jesus confessou e provou ser o Filho de Deus enviado para cumprir a vontade do seu Pai. Seu nome significa: "Salvador".

Texto: Mt 1.21; Gl 4.4; Fp 2.5-11

23.P. De que Jesus nos salva?

R. Jesus nos salva dos pecados e de suas conseqüências.

Texto: Mateus 1.21

24. P. Por que foi Jesus chamado "Cristo", isto é, "Messias"?

R. Porque Ele é ungido com o Espírito Santo.

Expl. A unção sempre indicava que o ungido recebera uma tarefa toda especial da parte de Deus; para cumprir tal tarefa é necessária a orientação do Espírito Santo. Jesus é chamado o Cristo porque foi dotado, de maneira única, para realizar a vontade de Deus e especialmente para resgatar os que crêem.

Texto: At 10.38; Hb 1.9

25. P. Por que foi Jesus chamado de grande Profeta?

R. Porque Ele nos revelou a vontade de Deus, seu Pai.

Expl. Profeta é aquele que fala aos homens da parte de Deus. Jesus revelou aos homens tudo aquilo que Deus quis que os homens conheçam do Seu segredo. O segredo consiste no Seu bem querer aos homens, no Seu reino e no Seu propósito de regenerar todas as coisas.

Texto: Lc 4.18,21; At 3.22

26. P. Por que foi Jesus chamado nosso Sumo-sacerdote?

R. Porque Ele ofereceu sua vida por nós.

Expl. Sacerdote é aquele que fala a Deus em nome dos homens. Na antigüidade os sacerdotes ofereciam sacrifícios dos seus bens (produtos da terra, animais) para conseguir a benevolência de Deus. Jesus ofereceu o sacrifício da sua vida para nos resgatar e intercede por nós perante Deus.

Texto: I Pe 3.18; Hb 7.25; 9.14,28

27. P. Por que foi Jesus chamado nosso eterno Rei?

R. Porque Ele governa a Igreja e o mundo.

Expl. Graças à sua vitória, Jesus recebera toda autoridade no céu e na terra. Com esta autoridade recebida de Deus Ele governa por sua palavra e Espírito para o bem da Igreja. Também lhe foi dado todo o juízo no fim dos tempos.

Texto: Mt 28.18; I Co 15.25

28. P. Qual é o segredo de Jesus?

R. O segredo de Jesus é que Ele é o Filho de Deus.

Expl. A pregação de Jesus sobre o Reino de Deus ia se concentrando sempre mais na revelação da sua pessoa como o Filho de Deus. Isto despertou contra ele o ódio dos judeus que acabaram por matá-Lo na cruz. A afirmação de que Jesus é o Filho de Deus é de importância capital para quem crê, mas para os incredulos é um escândalo.

Texto: Mateus 26.63-65

29. P. Não somos todos filhos de Deus?

R. Somos, mas não somos iguais a Jesus; Jesus é o eterno Filho, por natureza, enquanto que nós somos filhos de adoção pela graça de Jesus.

Texto: Rom. 8.15

30. P. Por que chamamos Jesus de "nosso Senhor"?

R. Porque Ele adquiriu autoridade sobre nós; somos a sua propriedade.

Expl. O dono de um escravo era senhor absoluto sobre a vida e morte, de modo que a vida do escravo estava totalmente nas mãos do seu dono e dele dependia. Nossa vida está nas mãos de Jesus que nos guarda e dirige, pois adquiriu poder absoluto sobre a vida dos seus pelo sacrifício da sua própria vida na cruz.

Texto: I Pe 1.18

31. P. O que significa concebido pelo Espírito Santo e nascido da virgem Maria?

R. Cristo veio ao mundo como filho de Maria sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, mas sem pecado.

Expl. Jesus é homem verdadeiro sendo nascido de uma mulher; é Deus verdadeiro unido com a natureza humana. A maravilha da entrada de Deus no nosso mundo sob a condição humana foi operada pelo Espírito Santo. A sua humanidade, isto é, o fato de ele ser um membro da geração humana, é que lhe fez possível resgatar o homem e falar-lhe de Deus.

Texto: Lc 1.31,35,41,42; Hb 4.15; 7.26

32. P. Por que Cristo padeceu e morreu?

R. Porque Ele tomou o lugar do pecador.

Expl. Desde o início da sua vida Cristo se responsabilizava pelos pecadores. Por isso Ele teve que tomar sobre si o nosso castigo. Sendo um de nós, tomando o lugar de todos nós no juízo da cruz, Ele resgatou e libertou os que nele crêem.

Texto: I Pe 3.18

33. P. Qual o significado da Cruz?

R. A morte de Jesus na cruz significa que a justiça divina foi inteiramente satisfeita.

Expl. A maldição da Lei é o juízo divino sobre o mal. O maldito deve ser expulso da sociedade; assim Jesus foi expulso da cidade de Jerusalém, "fora das portas", como maldito; lá a sua morte na cruz foi uma expiação total por todos os nossos pecados. Hoje a cruz nos lembra que Jesus se deu sem reserva por nós, da mesma forma devemos nos dar sem reserva por Ele.

Texto: Gl 3.13; Hb 9.6-15; 13.10-13

34. P. Por que ainda existe a morte?

R. Porque o Reino de Deus ainda não se realizou neste mundo na sua perfeição.

Expl. Existe a morte física e existe a morte eterna que sendo uma separação completa de Deus, é o castigo pelo pecado. Todos os homens, mesmo os fiéis, neste mundo são sujeitos à morte física; ela desaparecerá apenas quando Jesus voltar em Glória e o Reino de Deus substituir por completo o mundo atual. Para os fiéis, porém, a morte física não é o castigo de Deus, mas o descansar desta vida e passagem para a vida eterna.

Texto: Jo 5.24

35. P. Qual é o sentido de: "desceu aos infernos"?

R. Jesus passou pelo reino dos mortos antes de ressuscitar.

Expl. A morte de Jesus na cruz não foi apenas aparente: Ele sofreu realmente as angústias da morte, do abandono, por Deus. Ele sabe o que significa morrer como um pecador, porque o experimentou.

Texto: Is 53.10

36. P. Que significa: "ressurgiu dos mortos"?

R. Jesus Cristo, depois de morto, saiu vivo do sepulcro para viver em glória.

Expl. Cristo não ficou no sepulcro, mas dele ressurgiu ao terceiro dia, entrando numa nova fase da sua vida. Ele apareceu aos discípulos no seus corpo humano com as marcas da crucificação convencendo-os pela sua presença e sua palavra da realidade do Reino de Deus entre eles. O Cristo, ressurreto e vivo, se tornou o fundamento da fé e da pregação da Igreja. Com a ressurreição de Cristo uma nova era começou: a nova vida, a vida eterna, o Reino de Deus se fazem realidade entre nós e marcam a vitória decisiva sobre o mal e a morte.

Texto: 1 Co 15.16-54

37. P. Que significa: "subiu ao Céu"?

R. Cristo desta terra foi levado ao Céu ao lado do seu Pai, de onde Ele pode estar presente em todo lugar ao mesmo tempo.

Expl. Depois da sua ressurreição Cristo não vive a sua vida gloriosa aqui na terra na forma como viveu antes. Na sua forma nova e eterna a sua vida é preservada no Céu ao lado de Deus Pai. O Céu não é um lugar do nosso espaço do qual só uma distância nos separa; é a proximidade de Deus, de onde Jesus pode estar presente em todo lugar e governa sua igreja no mundo inteiro. De lá virá o Juízo, quando o mundo inteiro será obrigado a recebê-Lo. Então o mundo será julgado e renovado.

Texto: Mc 16.19; Ef 1.22; Hb 7.25.

38. P. Que cremos nós a respeito da volta de Jesus Cristo?

R. A segunda vinda de Cristo será o fim do atual estado do mundo.

Expl. A segunda vinda de Cristo será em glória e marcará o juízo, a ressurreição dos mortos e o início da realização da nova ordem de coisas para o mundo todo. Ninguém sabe, nem pode saber quando isso acontecerá. Esta expectativa mantém os cristãos em contínua vigilância.

Texto: Mt 25. 41-43

(De Deus Espírito Santo)

39. P. Que cremos nós a respeito do Espírito Santo?

R. O Espírito Santo é Deus conosco, que aplica os benefícios da redenção adquirida por Cristo a nós.

Texto: Jo 1.12-13; 3.5-5; Tt 3.5-6

40. P. Que cremos nós a respeito da Igreja santa e universal?

R. A Igreja é o povo de Deus, eleito desde antes da fundação do mundo no Filho de Deus, dentre toda a humanidade, protegido e mantido pela Palavra e pelo Espírito de Deus, em unidade de fé verdadeira para a vida eterna.

Expl. A Igreja é a comunidade de todos aqueles que se convertem à pregação do Evangelho e fundamentam a sua vida na Palavra de Deus e a fortalecem pelas ordenanças. Este povo é santo porque pertence a Deus e porque vive para servi-lo, apesar das suas imperfeições humanas. É universal porque se estende ao mundo inteiro: só há uma igreja, pois há um só Senhor: Jesus Cristo.

Texto: Rm 8.29-30; I Pe 2.9-10; Ef 4.4-6

41. P. Que é a "Comunhão dos Santos"?

R. A comunhão dos santos é a unidade real dos fiéis.

Expl. O centro real dos fiéis é Jesus Cristo. Em primeiro lugar todos os fiéis em geral e cada um em particular têm comunhão com Cristo; em segundo lugar, por meio da comunhão com Cristo, eles têm comunhão entre si, devendo viver um pelo outro e consagrar os seus dons para o bem e a salvação dos outros.

Texto: I Co 12-14.

42. P. Que é a "remissão dos pecados"?

R. Deus não leva mais em conta os nossos erros e pecados e não nos condena.

Expl. Jesus Cristo viveu uma vida de perfeita obediência a Deus e pelo seu sacrifício sofreu aquilo que nós deveríamos sofrer em conseqüência dos nossos pecados. Deus, em vez de nos julgar, olha para Cristo e não quer pensar mais em nossos pecados nem na nossa natureza pecaminosa.

Texto: Sl 103.3; Rm 8.1; Hb 5.8

43. P. Que significa a "ressurreição do corpo"?

R. Na ressurreição do corpo seremos renovados em todo o nosso ser, para viver com Deus.

Expl. A ressurreição não é algo de abstrato que toca apenas a alma por ser considerada ela imortal. Na ressurreição, Deus nos dá uma nova vida, mantendo a nossa personalidade e consciência. O corpo será semelhante ao corpo glorificado com que Jesus ressurgiu dos mortos na Páscoa.

Texto: Jo 11.25; I Co 15.35-57

44. P. Que significa a "vida eterna"?

R. A certeza da vida eterna nos dá segurança e alegria na vida, porque por ela sabemos que Deus nos aceita definitivamente como seus filhos, conhecendo-O, pela confiança em Cristo.

Expl. A mensagem da vida eterna acaba com o caráter passageiro da nossa existência e lhe dá um valor eterno. Deus nos dá a certeza de que a Ele pertencemos para sempre e que uma vida de obediência não é vã, porque tem sua continuidade infinitamente na presença de Deus.

Texto: Jo 17.3; I Co 15.58; II Co 5.2-3

45. P. Que significa ser justificado diante de Deus?

R. Ter paz com Deus por meio de Cristo.

Expl. Somos todos pecadores, porque somos incapazes de viver em perfeita obediência à vontade divina. Mas aqueles que confiam a sua vida a Cristo, são considerados por Deus como justos, isto é, como devedores cuja dívida foi paga. Por Cristo, o fardo do pecado foi retirado dos seus ombros, e Deus fez a paz com eles. São livres para uma nova vida de obediência como filhos de Deus.

Texto: Rm 3.21-25

46. P. Porque falamos de "justo pela fé"?

R. A fé não é a motivação, mas sim o meio pelo qual recebemos a paz com Deus.

Expl. A nossa vida com Deus é fraca e vai permanecer durante todo o tempo da nossa vida complicada pela nossa inclinação ao mal. Ao nos declarar justos, é pura graça que Deus nos dá. Honestamente reconhecemos que somos imperfeitos e pecadores, mas Deus nos dá uma fé contínua para podermos confiar plenamente no seu amor e na sua promessa de nos declarar sem culpa alguma.

Texto: Rm 1.16-17

47. P. Que lugar tem as boas obras?

R. Não tem valor como fundamento da nossa paz com Deus, mas sim como fruto e sinal da fé.

Expl. O resgate do homem foi uma vez para sempre realizado por Cristo. Ele é o Cordeiro de Deus que leva o pecado do mundo. O homem não pode de salvar a si mesmo. O Salvador fez uma obra completa. Não obstante, somos chamados, como filhos de Deus, a fazer a vontade dEle.

Texto: Rm 8.4; Gl 3.10-11

48. P. São as boas obras necessárias?

R. Elas são necessárias: sem boas obras é demonstrado que não há fé nem comunhão com Deus.

Expl. É impossível ter uma fé sem a sua manifestação na vida. A fé sem obras é morta, segundo Tiago. As obras nunca são perfeitas. Apesar disto, elas têm grande valor como sinais da fé salvadora. A doutrina da graça nunca pode nos levar à leviandade ou à impiedade.

Texto: Rm 6. 4-14; Ef 4.23-24

(Das Ordenanças)

49. P. Quem é o autor da nossa fé?

R. O Espírito Santo por meio da Palavra do Evangelho.

Expl. A fé é o meio pelo qual nos tornamos conscientes de sermos filhos de Deus. Porém nunca surgiria fé em nós sem a obra do Espírito Santo. O instrumento apropriado do Espírito Santo para gerar fé em nós é a Palavra de Deus.

Texto: Rm 10.8-17; Ef 2.8-9

50. P. Que são ordenanças?

R. São sinais e símbolos do sacrifício único de Jesus Cristo e da sua aplicação a nós.

Expl. Ao lado da Palavra, Deus nos deu sinais visíveis para esclarecer, afirmar e selar a sua promessa da graça para conosco.

Texto: Mt 28.19; Lc 22.19

51. P. Quantas ordenanças instituiu Jesus Cristo?

R. Jesus Cristo instituiu duas ordenanças: o Batismo e a Ceia.

Texto: Mt 28.19; I Co 11.23-26

(Do Batismo)

52. P. Que significado tem o Batismo?

R. O lavar com água em nome do Pai, Filho e Espírito Santo significa a nossa união com Cristo, a promessa de pertencermos ao Senhor e a purificação espiritual.

Expl. O batismo é sinal de entrada no Reino de Deus. O uso da água (meio mais comum para lavar) pode tomar formas diferentes (por aspersão, por imersão). O sentido é sempre: purificação e redenção da vida e da pessoa.

Texto: Mt 3.11; At 2.41; Rm 6.3-4; Gl 3.27

53. P. Onde encontramos a instituição do Batismo?

R. Nas palavras de Jesus Cristo: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo."

Texto: Mt 28.19

(Da Ceia do Senhor)

54. P. Que significado tem a Ceia do Senhor?

R. A Ceia do Senhor é uma cerimônia da igreja reunida, comemorativa e proclamadora da morte do Senhor Jesus Cristo, simbolizada por meio dos elementos utilizados: o pão e o vinho. Nesse memorial o pão representa o seu corpo dado por nós no Calvário e o vinho simboliza o seu sangue derramado.

Expl. A Ceia é simplesmente simbólica, lembrando vivamente ao comungante aquilo que Cristo fez a seu favor na cruz e apelando para uma nova dedicação de sua vida a Deus, à luz do Calvário. Cristo está presente apenas no sentido em que está sempre presente para o cristão, mediante a habitação interior do Espírito Santo.

Texto: I Co 11.23-26

55. P. Quando foi instituída a Santa Ceia?

R. Na noite em que Jesus foi traído, na mesa da Páscoa, segundo Mt 26.26-28 e I Co 11.23-26.

56. P. Quem são os que podem participar da Santa Ceia?

R. São aqueles que tem um conhecimento claro de seus pecados e não se iludem quanto às suas possibilidades; são os que crêem que os seus pecados lhes são perdoados e desejam viver na fé e obediência.

Expl. Ser digno da mesa do Senhor não significa ser perfeito e sem pecado. Se assim fosse, só aqueles que não precisam da Santa Ceia poderiam participar dela. Digno é aquele que reconhece a importância do sacrifício de Cristo e confessa que só por meio desse sacrifício ele pode receber a salvação e nunca alcançá-la por si mesmo.

Texto: I Co 11.27-29

57. P. Que é o poder das chaves?

R. É a pregação do Evangelho.

Expl. A chave abre e fecha. A Palavra de Deus abre a porta do Reino de Deus para todos aqueles que crêem que seus pecados são perdoados por Deus em razão dos méritos de Jesus Cristo. Esta mesma Palavra fecha a porta do Reino àquele que não aceita a pregação do Evangelho porque permanecem sob juízo e na condenação. A chave da Palavra deve ser usada especialmente no trabalho pastoral: ao arrependido ela é libertação, mas ao incrédulo e ímpio, condenação de Deus.

Texto: Jo 20.21-23; Mt 16.19

III. A NOSSA VIDA NO ESPÍRITO

(A gratidão)

58. P. Que é a gratidão a Deus?

R. É a resposta do homem que recebe a salvação.

Expl. A graça de Deus está atuando em todos aqueles que vivem com a certeza da salvação. O propósito da sua vida é dedicar-se a Deus, buscando o caminho de sua vontade. Em seus atos, palavras e atitudes procuram mostrar o seu amor.

Texto: Tito 2.14

59. P. Como podemos mostrar a nossa gratidão?

R. A nossa vida deve ser um louvor a Deus e uma luz diante dos homens.

Expl. A fé cristã tem que mostar-se. O mundo pode notar que temos um Deus gracioso a quem amamos acima de tudo. A nossa missão para o mundo é: fazer boas obras e testemunhar o segredo e glória do Evangelho.

Texto: Mt 5.16

60. P. Que é necessário para que a nossa vida possa ser um louvor a Deus?

R. É necessário que nós nos convertamos a Deus.

Expl. Um homem convertido, um filho de Deus, não é perfeito, peca também, mas não pode viver em pecado. Confessa seu pecado, se arrepende e se esforça sempre de novo viver segundo a vontade de Deus.

Texto: I Co 6.9-10

61. P. Que é conversão?

R. Tristeza sobre o pecado; alegria em Deus; disposição para toda boa obra.

Expl. Um entendimento do pecado surge do entedimento da Palavra de Deus; alegria que afeta ao aceitarmos as boas novas do perdão de Deus; a gratidão nos instiga às boas obras quando a conversão transforma o nosso íntimo.

Texto: II Cor 7.10; Rm 7.22; II Tm 2.21

62. P. Que são boas obras?

R. Sâo aquelas que procedem da fé e são conformes à vontade de Deus para a Sua glória.

Expl. Bom é aquilo que é conforme a lei de Deus. Não aquilo que a opinião pública manda ou comprova, não aquilo que eu desejo ou julgo bom. A guia para a nossa vida deve ser a fé, a norma a lei de Deus e o alvo a Sua glória.

Texto: Rm 14.23; I Cor 10.31; Mt 5.9

(Os Dez Mandamentos)

63. P. Onde está escrita a lei de Deus?

R. Na Bíblia toda, e resumidamente nas seguintes passagens: Ex 20.1-17; Dt 5.6-21

64. P. Que é idolatria?

R. Confiar em alguém ou algo além do único verdadeiro Deus.

Expl. Só devemos depositar confiança em Deus e a Ele devemos nos dedicar completamente. Toda confiança religiosa em coisas ou pessoas é uma ofensa a Deus. A verdadeira confiança liberta o homem de toda forma de superstição (invocação dos santos, conjuração, sortilégio, espiritismo etc.). Deus é a única fonte de todo o bem; a Ele são sujeitos todos os poderes.

Texto: DT 6.5; Is 8.19-20

65. P. Deus pode ser adorado sob muitas formas?

R. Deus só pode ser adorado em Espírito e em verdade.

Expl. Conforme o segundo mandamento, não se deve representar Deus em imagens à semelhança de coisas da natureza, com a finalidade de facilitar a sua adoração e ajudar a fé. Deus não pode ser adorado através de criaturas; as imagens em vez de ajudar a fé, deturpam-na. A verdadeira adoração a Deus se expressa na nossa vida inteira quando nós nos deixamos dirigir pelo Espírito de Deus numa vida de obediência.

Texto: Is 40.18-25; Jo 4.24

66. P. Como devemos usar o nome de Deus?

R. Devemos usá-lo com respeito profundo.

Expl. Usamos o nome de Deus sempre que o prenunciamos nas orações, prédicas ou juramentos, mas também quando confessamos que somos filhos de Deus; usamos o seu nome, como um filho usa o nome do seu pai. Todo uso do nome de Deus é uma confissão, deve ser protanto sincero, verdadeiro, para a Sua glória. Todo abuso do nome de Deus como também do silenciar a seu respeito é pecado.

Texto: Is 45.23-24; Col 3.16-17

67. P. Que confessamos a respeito do dia do Senhor?

R. O Sábado pertencia à lei judaica; o dia do Senhor para os cristãos é o domingo, por ser o dia da ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo.

Expl. O acontecimento mais importante para a fé cristã é a ressurreição de Jesus Cristo. Por isso, desde seus primeiros dias de existência a Igreja passou a guardar o domingo - o dia de vitória, a vitória de Cristo sobre o mal e sobre a morte; é um dia de descanso, porque simboliza o descanso final e feliz na presença de Deus.

Texto: I Cor 16.2; Mc 16.9; Rm 14.5

68. P. Que nos ensina a lei de Deus a respeito da família?

R. Os pais são responsáveis pelos filhos e os filhos devem reconhecer a autoridade dos pais.

Expl. A família cristã é uma unidade, na qual cada pessoa tem o seu lugar e a sua função. Cada pessoa humana recebe dos seus pais a sua vida; ela deve aceitá-la como seus pais lhe transmitem: nas características físicas, espirituais, intelectuais; quem não aceita com respeito a autoridade dos seus pais, recusa parte de si mesmo. Os pais devem mandar com amor e os filhos devem obedecer com respeito.

Texto: Ef. 6.1-4

69. P. Que Deus requer no 6º mandamento?

R. Deus requer respeito à vida que Ele mesmo criou, condenando todas as formas de ofensa à vida, seja por pensamentos, palavras ou atos.

Expl. Deus criou a vida e aos homens deu autoridade sobre as criaturas, mas ao mesmo tempo responsabilidade: são os mordomos de Deus. Sentimentos de amor e respeito devem reger as atividades humanas; ódio, inveja, vingança são as raízes do homicídio. Em certos casos, para a proteção da vida de uma comunidade pode ser necessária a eliminação de uma determinada vida humana anormal; isto se realiza pela autoridade competente.

Texto: Mt. 5.5; I Jo. 2.9-11; 3.15

70. P. O que nos ensina a Lei de Deus a respeito do matrimônio?

R. O matrimônio foi instituido pelo Criador; é a união completa entre um homem e uma mulher.

Expl. Na criação do homem à imagem de Deus, o matrimônio tem um papel importante. Deus criou homem e mulher: isto significa que Deus criou dois tipos; criou uma unidade: o casal e não dois tipos apenas: o homem e a mulher. Com base na sexualidade corporal e espiritual deve se desenvolver uma união entre homem e mulher, que sirva para a continuidade e aperfeiçoamento da vida humana.

Texto: Ef. 5.22-33

71. P. Que exige o Senhor no 7º mandamento?

R. No 7º mandamento Deus exige que respeitemos o nosso corpo e o do próximo como templo do Espírito Santo, especialemente na sexualidade.

Expl. O desejo sexual é um dom maravilhoso do Criador e não um mal necessário e vergonhoso. Quando o homem sabe controlar e realizar este desejo segundo o propósito criador de Deus, ele é uma fonte de felicidade; quando fica descontrolado este desejo se torna em maldição.

Texto: I Cor 6.18-20; Hb 13.4

72. P. Que é roubar?

R. Aumentar a nossa propriedade por meios desonestos.

Expl. A propriedade responsável convém ao homem responsável. É dono e administrador tanto dos seus bens espirituais como dos seus bens materiais. O modo de ganhar a vida, fazer negócios, tratar das coisas financeiras e econômicas pertence também à nossa tarefa como cristãos. Nunca devemos esquecer que diante de Deus somos apenas mordomos dos nossos bens.

Texto: Mt 7.12

73. P. Que Deus requer de nós no 9º mandamento?

R. Amar e falar a verdade.

Expl. Nos tempos bíblicos foram necessárias duas testemunhas para condenar um malfeitor. Um falso testemunho contra alguém podia levá-lo à condenação e até à morte. A verdade deve ser respitada e falada com todo respeito ao nosso próximo. Jesus se confessa ser rei no reino da verdade e o Diabo é chamado pai da mentira.

Texto: Jo 8.44; I Cor 13.6; Jo 18.37

74. P. Que exige Deus no último mandamento?

R. Que os nossos desejos e pensamentos sejam conformes com a vontade de Deus.

Expl. A lei de Deus se refere à toda vida humana: ela vale para nossas ações e também para as profundidades do coração e alma. Toda ação, obediência e desobediência se originam no coração. Deus julga além das nossas ações, os nossos desejos e pensamentos.

Texto: Rm 7.7

75. P. Os que se convertem podem guardar todos estes mandamentos?

R. Os fiéis apenas tem um começo de obediência.

Expl. Quem se converte dedica-se a Deus e procura levar uma vida de obediência mesmo que não consiga realizá-la com perfeição. Diante da lei, o homem se torna consciente do seu pecado e percebe que precisa da justiça de Cristo para a sua salvação e da orientação do Espírito Santo para progredir no caminho da obediência.

Texto: Rm 7.14, 22; Jo 1.8-10; Fp 3.11-14

(A Oração)

76. P. Devemos orar?

R. Sim, o homem deve falar com o seu Criador, respondendo à sua Palavra em toda a confiança.

Expl. Remido por Cristo, o homem reconhece em Deus o seu Pai celestial. A sua vida inteira deve se assunto da oração, em pedidos e ações de graça.

Texto: Lc 11.9-13

77. P. Qual foi a oração que Jesus ensinou aos seus discípulos?

R. "Pai nosso que estás nos Céus; santificado seja o Teu nome; venha o Teu reino; seja feita a Tua vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal; porque Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém."

Texto: Mt 6.9-13

78. P. Que pedimos nós a Deus nesta oração?

R. Em primeiro lugar que seja promovido tudo quanto serve à glória de Deus e que seja vencido tudo quanto se opõe à sua vontade; em segundo lugar que eu consiga tudo quanto for necessário segundo o corpo, e segundo a alma que Ele me guarde de tudo aquilo que for prejudicial à minha salvação.

79. P. Porque dizemos a Deus "Pai nosso?"

R. Para expressar nosso respeito e confiança filial em Deus.

Expl. Deus tornou-se o nosso Pai em Jesus Cristo; a oração é a resposta ao chamado de Deus.

Texto: Mt 7-9-11

80. P. Que significa "que estás nos céus?"

R. Deus é Senhor acima das criaturas e é poderoso para nos ajudar.

Expl. Assim como o reino dos céus é acima dos pensamentos e forças humanas, assim o nosso Pai celestial é acima da nossa compreensão, e é poderoso para providenciar o que precisamos para glorificá-Lo no mundo.

Texto: At 17.24, 27

81. P. Que significa "santificado seja o teu nome?"

R. Significa que nós devemos conhecer a Deus sempre mais para louvá-Lo em todas as suas obras.

82. P. Que significa "venha o Teu reino?"

R. Que o Reino de Deus seja manifesto de forma visível, levando a Igreja e a criação a ter uma só vontade: viver e agir segundo o propósito do seu Criador e Redentor.

83. P. Que significa "faça-se a Tua vontade assim na terra como nos céus?"

R. Significa que devemos der conduzidos pela Palavra e pelo Espírito de tal modo que mais e mais nos submetamos a Deus.

84. P. Que significa "o pão nosso de cada dia nos dá hoje?"

R. Significa que reconhecemos e pedimos a providência de Deus para o sustento da vida.

85. P. Que significa "perdoa-nos as nossas dividas como nós perdoamos aos nossos devedores?"

R. Significa que pedimos que Deus nos livre da culpa e das conseqüências dos nossos erros e pecados, e que Ele nos de forças para perdoar ao nosso próximo como sinal da nossa comunhão com Ele.

86. P. Que significa "não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal?"

R. Significa que reconhecendo a nossa fraqueza em resistir ao mal, pedimos a Deus que nos ajude a desviar os nossos passos das tentações; e, se formos tentados, a vencer a tentação.

87. P. Que significa o final da oração "porque Teu é o reino, o poder e a glória para sempre?"

R. Por ela expressamos o nosso louvor a Deus e a nossa certeza da sua soberania e vitória final.

88. P. Que significa "Amém?"

R. Significa "assim seja", e expressa uma confirmação de propósito, aliás, verdadeiro e certo, pois Deus é firme e fiel nas suas promessas.

Texto: Sl 89; 115; 119; Mt 6.5-8; Jo 17; Tg 5.13-18

 

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